Não tem um dia em que não tenha sentido tua falta

Por: Paula Beatriz 

não tem um dia em que não tenha sentido tua falta.

em alguns dias, sinto muita. em outros, quase nada, imperceptível. tem que escavar até o fundo da alma para ver que está ali. contudo, ali está, presente. o sentimento existe. certa vez pensei que por fim tinha ido embora e me decretei curada. tudo para que numa noite, sozinha e desprevenida, as gotas se transformassem em lágrimas. e as lágrimas se transformassem em rios. e os rios se transformassem em mares. e desaguassem. até mesmo quem prefere coisas salgadas tenta fugir do amargo de um choro. olho para o relógio e o tempo passa. olho para o espelho e estou cada dia mais velha. o mundo não parou. o mundo continua. girando. todavia tudo dentro de mim parece o mesmo desde o dia que eu fui embora. queria ser como a lua, cíclica, que segue seu rumo sem medo de mudar e deixar o passado onde ele pertence: lá atrás. mas quando chego em casa e tomo um banho, deito na cama e coloco a cabeça no travesseiro: você é o primeiro pensamento que me vem à cabeça. às vezes não o único, mas tudo termina em você e na falta que sua ausência traz. espero que isso não leve embora minha lucidez aos poucos. você demonstra ser tão livre, nem parece que uma versão sua está presa na minha mente me assombrando sempre que me distraio. contra a minha vontade, vivo na sombra do que poderíamos ter sido.

você poderia, por favor, me deixar livre?

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