Por: Thais Vital
Por muito tempo eu acreditei que ser mãe era uma escolha. No entanto, para as mulheres negras nunca foi assim. Sonhar com a maternidade, por exemplo, é algo que sempre nos foi negado.
Fruto, em sua maioria, de estupros, muitas crianças negras, durante o processo de escravização, morriam por inanição, pois as mães eram obrigadas a dar todo o seu leite para os bebês da Casa Grande, enquanto os seus passavam fome.
Do ponto de vista da contemporaneidade, que tipo de futuro um país como o Brasil pode dar para os filhos das mães pretas? Gerar uma criança negra tem despertado em mim medos, angústias, dúvidas, sobretudo, coragem para enfrentar o racismo tão perverso que mata e só pergunta depois.
No texto deste mês, eu quis trazer à reflexão os desafios da maternidade negra e a nossa oportunidade de hoje poder escolher querer ser uma mãe. Eu quero. Eu quero ser a melhor mãe que o meu filho poderia ter. Quero segurar a mão dele quando o racismo arrombar a porta e, de peito aberto, gritar um sonoro NÃO para ele.
Ser mãe de gente negra talvez seja um dos maiores desafios na vida de uma mulher negra. A sociedade não aceita que escolhamos gerar. Ao anunciar que eu estava grávida, os julgamentos foram diversos: ”perdeu a juventude”, ”jogou a carreira fora”, ”tinha tudo para ser uma blogueira reconhecida”. O fato é que a sociedade treme na base quando uma preta pode escolher ser mãe e coloca no mundo mais um aliado para a luta antirracista.